Resultado – Psicologia e Política

O núcleo de nossa organização é estatístico. Acreditamos que as técnicas desenvolvidas pela Estatística permitem que a instrumentalização de pesquisas tenha maior resistência a possíveis falhas metodológicas, que a operacionalização possa ser pautada em regras e que, finalmente, as análises e interpretações sejam balizadas por testes de hipóteses cuja estrutura lógica é evitar fornecer explicações incorretas causais onde as variáveis e as condições aleatórias sejam as reais determinantes. Sintetizando este preceito, as pesquisas cuja orientação técnica é estatística têm uma matriz bastante conhecida:

1. Ideias e modelos teóricos devem, sempre, virar Hipóteses estatísticas testáveis em situação exploratória, correlacional ou explicativa. Uma teoria boa é aquela que consegue gerar hipóteses testáveis e bons exemplos não faltam: uma situação ambiental bastante empobrecida tem efeitos prejudiciais no desenvolvimento cognitivo de crianças; o tipo de personalidade de uma pessoa gera maior suscetibilidade a explicações pouco racionais para um fenômeno ou que o gênero e saúde mental estão tão associados, que enquanto homens desenvolvem mais transtornos relacionados à dependência de substâncias psicoativas, mulheres apresentam mais alterações ansiosas e de humor.

As ciências humanas, como Economia e Psicologia, se beneficiam de hipóteses testáveis. Com elas, cria-se a via para diferenciar o que apresenta evidências empíricas daquilo cuja explicação é majoritariamente teórica.

2. O modelo matemático deve conversar com a forma de coleta de dados e ele será angular na decisão do de qual teste estatístico.

Toda hipótese precisará de dados e os dados não vem gratuitamente, mas a partir de um instrumento de medida. Enquanto uma balança gera informações que são facilmente convertidas no que empiricamente chamamos de “Peso”, um teste psicológico será o instrumento para aferir a inteligência ou a memória de uma pessoa, por exemplo. Certamente, os dois instrumentos conversarão. Porém, cada qual terá especificidades: enquanto não há dúvidas de que objeto de aferição de uma balança é uma variável física e que o nível de medida neste caso é o de Razão; há ainda uma série de questionamentos sobre a natureza do objeto do teste psicológico, bem como o nível de medida a ser considerado na análise dos dados obtidos.

3. A Hipótese nula é sempre parcimoniosa e negativa. Assim, diante de diversas hipóteses para explicação de um determinado fenômeno, é mais ajustada aquela que é a mais simples (lex parsimoniae). Além disso, via de regra, todo pesquisador precisa levantar evidências fortes o suficiente para rejeitar a noção central de que “a aleatoriedade explica os efeitos ocorridos no objeto estudado” ou que “tratamentos ou condições diferentes não geram resultados estatisticamente diferentes”.

Finalmente, validade interna, validade externa e falseabilidade são conceitos basais em pesquisas.

Isto tudo exposto, hoje a ANOVA divulga os resultados feitos sobre a pesquisa em Psicologia e Política. É com bastante satisfação de que comunicamos que este documento inicia uma área de desenvolvimento de estatísticas sociais que visa ainda mais a aproximação da qual somos beneficiários: ciências humanas com ciências exatas.

Um forte abraço a todos,

Prof. Luis Anunciação (PUC-Rio)
Psicometrista

O arquivo com os resultados completos pode ser baixado aqui.

Consideramos que toda pesquisa estatística deva disponibilizar os dados para consulta externa. Uma vez que a natureza dos dados desta pesquisa não é privada e que acredita-se que as informações não serão utilizadas para finalidades fora daquelas intencionadas inicialmente, o arquivo pode ser acessado aqui.

Utilizamos o R para rodar as análises.