Passo a passo para elaboração de artigos (pesquisas quantitativas)

Muita gente tem de produzir artigos científicos durante a iniciação científica e conclusão do curso de graduação. Muita gente deve produzi-los em programas de pós-graduação, seja lato ou stricto. Este texto almeja ajudar!

Antes de tudo, tenha em mente alguns periódicos. Isto irá te poupar muito tempo, pois a estrutura abaixo pode sofrer alterações, como o aumento ou a redução de conteúdo (em função do número de laudas e tabelas permitidas), ou a mudança de forma (em função de aglutinações que alguns periódicos fazem, normalmente com resultado e discussão).  A parte de “instruções aos autores” esclarece isso e existem addins para o word que ajudam nas referências. Eu recomendo o Mendeley! O fator de impacto é uma métrica importante, bem como o índice do periódico no Qualis Capes.

Tradicionalmente, artigos derivados de pesquisas quantitativas tem 5 seções: introdução, método, resultado, discussão e conclusão. Apesar deles serem lido nesta ordem, normalmente a escrita sofre alterações.

  1. Montar tabelas. Lembrar do padrão das casas decimais e estrutura visual
  2. Escrever os resultados: habitualmente, esta seção vem separada e basta colocar tabelas e outros comentários
  3. Análise estatística (dentro do método, após participantes, procedimento e instrumentos): Colocar o que foi feito para se chegar nos resultados. Lembre-se que as análises também pedem referências e alguma parte teórica, principalmente, quando são contra intuitivas. Um exemplo claro está, justamente, na Psicometria. Tradicionalmente, a rejeição da hipótese nula é o desejo de todo pesquisador, pois evidencia (alguma) relação de causa e efeito. Em modelos psicométricos, a rejeição da hipótese nula diz exatamente o contrário: seu modelo não está bom! Outra coisa: tenha lógica nas suas análises: não tem o menor sentido você começar uma análise usando testes paramétricos e, do nada, pular para não paramétricos sem a justificativa necessária
  4. Discussão e introdução: Aqui é necessário dar um requinte teórico com possíveis explicações para os resultados. Bibliografia/literatura vasta é recomendada e normalmente, há um formato semi-circular, onde a introdução e a discussão tem uma linguagem similar
    1. Na introdução, é importante ir do todo para as partes, enquanto na discussão, das partes para o todo
    2. A escrita da introdução sempre pede uma reflexão sobre as questões que você levanta, as respostas já oferecidas e os argumentos que consistem a sua resposta
    3. Na introdução, lembrar que ela funciona como um “mapa de percurso”, onde 5 parágrafos está ideal
    4. A última parte deve deixar claro o objetivo e as hipóteses, caso elas existam
    5. Na discussão, evita-se citar os números e dados obtidos nos resultados, mas sempre se utiliza da teoria para esboçar possíveis explicações
  5. Conclusão: normalmente, expor sucintamente o que foi o tema, qual foi o objetivo, o que foi alcançado e perspectivas futuras

Eu costumo ter palavras âncoras para cada uma das partes e funciona mais ou menos assim:

  1. Os resultados são o “O que“.
  2. As análises são o “Como“.
  3. A discussão é o “Por que

Na prática é:  seu leitor vai saber o que seus dados revelaram, vão querer entender o porque dos resultados e vão buscar como você analisou tudo para chegar às conclusões.

Lembrar: Ou na discussão ou na conclusão, nos últimos parágrafos, expor se houve alguma colisão teórica. Isso não é necessariamente ruim, pois pode ilustrar avanços. Em algum momento antes do final, expor as limitações da pesquisa, mas jamais que isso seja ao fim. Ao fim, deixar claro que outras pesquisas estão sendo feitas (mesmo que já tenham sido concluídas ou que sequer existam). Dê um título (inspiracional ou discricional).

É importante atentar que o artigo vem após a pesquisa, mas isso não quer dizer que absolutamente tudo o que ali está escrito é uma resposta ao objetivo da pesquisa. É tão importante ter um “mapa” do percurso, quanto saber caminhar por ele e até mesmo alterar possíveis rotas.

Finalmente, lembre-se: escrever um artigo e muito importante, mas Carl Sagan tinha razão:

Tanto o insignificante quanto o extraordinário são arquitetos do mundo natural

Mantenha-se humilde e saiba ler os gráficos :

Um forte abraço,
Luis Anunciação
Psicometria (PUC-Rio)